(Bloomberg) — Os traders de Wall Street sabem o que esperar do retorno do presidente Donald Trump à Casa Branca: mudanças políticas expostas em postagens noturnas nas redes sociais, mudanças nos parceiros comerciais, ameaças, alta volatilidade do mercado, etc.
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Sobre o que eles não têm tanta certeza de como aproveitar tudo e obter lucros tão rapidamente quanto o esperado?
Vamos pensar na semana passada. Em 6 de janeiro, os traders impulsionaram os futuros do S&P 500 e empurraram o dólar para baixo depois de o Washington Post ter relatado que os assessores do presidente Donald Trump estavam a considerar reverter os seus planos tarifários. Mas a oportunidade desapareceu quase tão rapidamente como apareceu, com o Presidente Trump a abandonar a história pouco antes da abertura do mercado de ações.
No dia seguinte, numa conferência de imprensa em Mar-a-Lago, o presidente eleito fez algo ainda mais surpreendente. Ele apresentou a ideia de usar o “poder econômico” para forçar o Canadá a se tornar um estado dos EUA. Este é um acto que altera a ordem económica e que normalmente perturbaria os investidores. Mas os traders de divisas rejeitaram isto como um blefe, mantendo o dólar canadiano numa faixa estreita.
“Não sei como vocês estão negociando alguma coisa”, disse Benson Durham, chefe de alocação global de ativos da Piper Sandler & Company, resumindo as preocupações de muitos em Wall Street. “Não é realmente possível enquadrar os comentários do Sr. Trump num modelo econométrico formal.”
Esta incerteza fez com que os investidores em títulos e ações se mobilizassem em torno das estratégias que desenvolverão depois que o presidente Trump tomar posse para um segundo mandato, na segunda-feira. Concentre-se no impacto económico a longo prazo. Filtre os ruídos do dia a dia. E mantenha dinheiro em mãos caso ele desencadeie um movimento de mercado que você acha que terá vida curta.
Os resultados centraram-se na especulação de que o Presidente Trump tentará estimular uma economia já forte, cortando impostos e afrouxando as regulamentações sobre indústrias preferenciais.
Este optimismo impulsionou a subida do mercado accionista nos últimos meses do ano passado, registando o melhor ganho anual consecutivo do S&P 500 desde o final da década de 1990. Mas essa recuperação estagnou nos últimos dias, à medida que os investidores abandonaram as apostas em novos cortes nas taxas do Fed antes do segundo semestre do ano, enquanto expectativas semelhantes aumentaram os rendimentos dos títulos.
Mas resta saber como algumas das posições já defendidas por Trump, como o aumento de tarifas e a deportação de estrangeiros ilegais, tomarão forma. Se implementado de forma agressiva, poderá dar um novo choque ao mercado. Além disso, há imprevistos como o interesse de Trump em assumir o controle da Groenlândia e do Canal do Panamá.